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      Após sete anos de volta ao mundo em veleiro, irmãos retornam a Ubatuba: "voltando para casa"

      Lucas e Neto Faraco saíram do litoral paulista em 2018 e enfrentaram tempestades, baleias e conquistas até cruzar os oceanos e concluir o sonho da família

      Lucas e Neto Faraco a bordo do veleiro Katoosh (Foto: Reprodução/Instagram/@veleiro.katoosh)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Sete anos depois de partirem em uma jornada que cruzaria todos os oceanos, os irmãos Lucas e Neto Faraco, de 30 e 33 anos, estão de volta a Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. A história da dupla, que largou a vida convencional para realizar o sonho da volta ao mundo a bordo de um veleiro, ganhou as redes sociais. Neste sábado (17/5), eles desembarcam novamente no Pier Saco da Ribeira, local de onde zarparam em 5 de março de 2018, relata o Metrópoles.

      “Agora, pouco mais de 7 anos depois, estamos voltando para nossa casa, onde tudo começou”, afirmaram os irmãos, emocionados com o retorno. A empreitada, além de uma proeza marítima, é também um elo profundo com a trajetória da família: o sonho de navegar o globo nasceu dos próprios pais dos dois, que viveram no mar por anos antes de fixar residência em Ubatuba.

      Uma infância moldada pelas águas - A ligação dos irmãos com o oceano vem de berço. Seus pais, naturais de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, trocaram a vida em terra firme pela rotina no mar no início dos anos 1990. Lucas e Neto nasceram pouco depois, em 1992 e 1995, e passaram os primeiros anos navegando pela costa brasileira. Quando Neto completou seis anos, os pais decidiram aportar definitivamente em Ubatuba para garantir uma rotina escolar estável aos filhos.

      “Crescemos em Ubatuba, escola, etc, tudo normal. Mas nunca perdemos o contato com o mar e nem com o veleiro. Seguimos o fluxo comum, vestibular, faculdade… Fomos cursar engenharia na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, e, pela primeira vez na vida, nos distanciamos do mar… Não durou muito!”, relatou Lucas com bom humor.

      Após a experiência universitária, os irmãos retornaram à praia e passaram a trabalhar com o veleiro em passeios turísticos, como forma de financiar o antigo desejo da família. O ano de 2017 foi inteiramente dedicado à reforma do barco que os levaria ao mundo. “Acho que nos preparamos desde que nascemos, cada experiência contou para que estivéssemos aqui hoje”, disse Lucas.

      Família presente até nos mares distantes - Embora a viagem tenha sido feita apenas por Lucas e Neto, os pais não ficaram de fora. Eles conseguiram encontrar os filhos em cinco ocasiões ao longo da expedição: no Caribe, nas Ilhas Galápagos, na Nova Zelândia, na Indonésia e na África do Sul. Essa última visita foi especialmente marcante.

      “A África do Sul acho que foi o lugar mais especial […] Com eles embarcados, a gente contornou o Cabo da Boa Esperança, que é o ponto mais astral do continente africano, quando a gente contorna o continente para sair do Oceano Índico e entrar no Oceano Atlântico […] Foi muito legal ter nossos pais a bordo com a gente nesse momento”, relembrou Lucas.

      Tempestades, imprevistos e superação - Nem só de paisagens paradisíacas e reencontros foi feita a jornada. Um dos episódios mais dramáticos da viagem aconteceu em 2019, quando o veleiro foi atingido por uma baleia enquanto se aproximava da Polinésia Francesa. O impacto arrancou completamente o leme da embarcação, deixando os irmãos à deriva durante uma tempestade que durou 86 horas.

      “A gente ficou à deriva, sem controle do barco, e uma tempestade muito grande nos pegou […] Foi uma situação bem complicada, lutando pela sobrevivência por literalmente 86 horas”, contou Lucas. Segundo ele, os ventos chegaram a 62 nós, com ondas de até cinco metros.

      Mesmo tendo recebido uma oferta de resgate por helicóptero da guarda costeira da Polinésia Francesa, os irmãos recusaram. “A gente optou por ficar e lutar, porque a gente viu que tinha uma chance de a gente conseguir se salvar e salvar o barco”, explicou Lucas. Para contornar a falta de leme, improvisaram um arrasto com cabos e objetos amarrados que permitiu alguma direção até chegarem a uma ilha, onde conseguiram se abrigar.

      Um sonho financiado pelo mar e pelas redes - Inicialmente, os irmãos partiram com dinheiro suficiente para apenas três meses. A ideia era parar em diferentes lugares e trabalhar para seguir adiante. No entanto, o sucesso que obtiveram nas redes sociais permitiu que monetizassem o conteúdo e pudessem financiar a jornada sem necessidade de trabalho fixo ao longo do trajeto.

      A rotina no barco variava de acordo com o local em que estavam — velejando ou ancorados —, mas envolvia manutenção da embarcação e exploração dos lugares visitados, repetindo o estilo de vida adotado pelos pais décadas atrás. “Isso é basicamente o que os meus pais faziam com a gente na nossa infância”, observou Lucas.

      De volta ao ponto de partida - Ao completarem a circunavegação, Lucas e Neto não apenas realizaram um feito raro entre velejadores brasileiros, como também fecharam um ciclo iniciado por seus pais. A chegada neste sábado à Prainha dos Matarazzo sela o retorno de uma jornada que começou muito antes de 2018 — um retorno ao lar, ao mar e à origem do sonho.

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