O inferno neoliberal está aí, à vista de todos
Com crescimento de contratações sem concurso, serviços essenciais se deterioram e ampliam desigualdade no acesso a direitos básicos
Décadas de campanha neoliberal, iniciada pelo regime de 64, produziram o efeito esperado, e quem está pagando a conta é o cidadão comum, em particular aqueles mais pobres.
Em dez anos, o total de servidores contratados sem concurso nos municípios brasileiros deu um salto de 52,5%, tornando-se a principal porta de entrada de funcionários nos principais ramos do serviço público do país.
Como cidadãs e cidadãos podem confirmar por experiência própria, as consequências inevitáveis desse processo não são poucas e tornaram-se visíveis em funções essenciais do Estado — a começar pela saúde pública, por exemplo.
Num regime sem garantias no emprego, sem plano de carreira e com salário rebaixado, os compromissos com o atendimento foram afrouxados e se tornaram inexistentes, com aquela consequência inevitável: direitos indispensáveis para a vida em nosso tempo foram transformados em mercadoria ou mesmo suprimidos, em benefício das ofertas de mercado, que cada um paga como e quando pode.
Quem tem renda suficiente procura serviços privados, anunciados como se fossem paraísos turísticos, enquanto os demais se veem num típico inferno neoliberal: ambientes superlotados, equipamentos anacrônicos, pessoal insuficiente e maltratado pela carga excessiva de serviço.
Num país capaz de progressos memoráveis nas últimas décadas, a condição vergonhosamente precária da saúde pública é um produto que teve início no regime militar e prossegue como uma tragédia que maltrata e envergonha brasileiras e brasileiros — e precisa ser encarada com urgência.
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